quarta-feira, 29 de agosto de 2007


CAUTELA
Debruçou-se à beira de um desejo e viu um abismo.
Não se precipitaria como de outras vezes.

Uma trilha havia de ser aberta, aos poucos, com prazer e trabalho. Tudo pedia para ser minuciosamente cuidado – que flores plantaria, o percurso, a largura da pequena estrada, as pontes, uma clareira, um mirante que facilitasse ver o nascer da lua cheia.
E nunca mais se esqueceria de uma cabana que abrigasse a solidão com conforto e sossego.

Debruçou-se à beira do desejo e viu um precipício.
Nenhum motivo para abismar-se.

3 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei emocionada com tanta beleza.

Walmir disse...

Abismo de desejos vão se espaçando com o tempo dos viventes na terra, não é? De repente, um dia, quer-se menos a comida e mais a vontade de comer, menos o vinho e mais a vontade de embriagar-se.
Quando estes abismos surgem são umas bênçãos distantes.
Paz e bem, querida Lelena.

Anônimo disse...

Não consigo para de ler... estava aqui só prá dar um espiadinha e fui ficando, ficando... confesso que até já senti vontade de chorar, fiquei nostalgica e MARAVILHADA !!! Você é incrível, isso eu sempre soube, mas com a distância tinha meio que esquecido. Quanta coisa linda cabe dentro de uma mocinha tão pequenina e ao mesmo tempo tão gigante !!! Beijos, Cau