quarta-feira, 18 de julho de 2007




PIANO

No piano calaram-se todas as notas por muito tempo. E o coração que achava que batia.
Os dedos tomados por outros ofícios e carícias dançavam no silêncio. Ninguém mais sabia que havia um piano que também não mais se sabia. Entretanto, nunca foi pensado vendê-lo, pois que ocupava um espaço naquela sala a hospedar as memórias dos porta-
retratos e pontuar o silêncio com sua possibilidade.
Há quem jura ter ouvido algumas notas como fantasmas perdidos, quando não havia ninguém na casa. E há quem jura ter visto a mulher que, ao fingir que também não se sabia, dançava ao som da música de seu próprio espectro que tocava.
No silêncio.
Na noite.
Por muito tempo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Good impression!

Lelena Lucas disse...

Thanks!

Anônimo disse...

Lelena,
Que bom ver sua arte, ou parte dela, circulando entre vários!
Que bom também que as notas existem, ainda que numa melodia silenciosa. Deixe que o piano continue lá, portando retratos, lembranças, esperanças e muias notas.Beijo,
Pricila

Walmir disse...

Muito lindo.

Anônimo disse...

Hoje meu piano voltou a ser tocado...carinhosamente. Olhe que tem um tempo que eu passava perto dele. Mas, como dizem suas palavras, não tinha coragem de vendê-lo. E olhe que tive que pensar nesta possibilidade....mas procurei descartar rapidamente. Não tinha coragem. Ele está desafinado, tem muitas memórias e ocupa um lugar especial, dentro de mim. E que pude deixar aflorar hoje. Acho que por isso me lembrei de passar por aqui. Por causa deste piano. Outro beijo... mulher de tantos talentos!