segunda-feira, 18 de agosto de 2008


COMPENSAÇÕES

Desespero é coisa que atropela o tempo e as ações com sua fúria inútil. Mas nem todos são dados a ele.
Por isso ela invejou o personagem de um livro, desespero não o visitava e assim ele cumpria os dias com relativo controle.
Confortou-lhe, entretanto, o pensamento de que o tempo e certa dedicação eram ingredientes fundamentais que a fariam envelhecer pra melhor. E assim o fazia. Da aparência cuidava com minúcias e sem exageros. Mas nas profundidades a idade na certa vinha como um prêmio de muito já ter vivido. O coração lhe saía pela boca com menor freqüência e algumas conversas e situações podiam se dar sem grandes esforços de convencimentos. Dessa maneira procurava acreditar que afastava de si a possibilidade do maldito desespero.
Mesmo assim sabia, por experiência e estrada, que algumas sensações e percepções aparentadas por semelhante intensidade tornavam a vida indiscutivelmente mais interessante. É como um preço que se paga. Não fosse ela acometida eventualmente pelo inútil desespero, na certa também não experimentaria outras intensidades de melhor procedência.
E o amor.

6 comentários:

Maria Clara disse...

O amor se inclui nas outras intensidades de melhor procedência? Pois tenho minhas dúvidas.. rsrsrs

Lelena Lucas disse...

É, Maria Clara. Sua pouca idade não te impede de contribuir com boas observações. Você vai longe, menina! Mas pode saber que o amor é da melhor procedência. Mesmo que a gente saiba que ele às vezes vem misturado de outros sentimentos menos nobres. Fazer o que?
Beijos

marcio zaidan disse...

É... nada como uma dosezinha homeopática de Lucas pelas manhãs para que amainar os desesperos diários.
De experiência, estrada e intensidades é que se prova o gostinho da vida.
Te vejo sempre, viu moça?

bjos

Anônimo disse...

Ei Lelena!
Poder dispensar os esforços de convencimento( nos dispensar desta tarefa e dispensar o outro tbem de nos convencer), penso que é de grande sabedoria e, certamente nos traria muito alívio e leveza.
Beijo,
Pricila.

Maria Clara disse...

Quanto ao amor nada a se fazer mesmo Lelena..Já disse Vinicius de Moraes que "Pensar nele é morrer de desventura/Não pensar é matar meu pensamento".
Meu ego gostou do "você vai longe". rsrsrs
beijos

Anônimo disse...

Experiência significa que muitos erros já foram cometidos e algum aprendizado existiu, suficientemente para perceber que os extremos (bem-vindos desesperos?) podem ser interessantes para tornar a vida mais criativa e com mais sentido, e, talvez, gerar uma dúvida sobre a existência do utópico controle. Sobre o quê?