terça-feira, 9 de outubro de 2007


















PEQUENO TRATADO SOBRE PESSOA E PALAVRA

Tem pessoa
que encanta palavra
Tem pessoa que usa palavra em vão
Tem palavra que usa pessoa
Tem pessoa que usa palavra
Tem pessoa que não tem palavra
Tem pessoa que entorta palavra
Tem pessoa que planta palavra no chão
Tem pessoa que planta palavra na cara
de outra pessoa
que fica sem palavra
Tem palavra que eleva pessoa
que cura pessoa
que anula pessoa
Tem pessoa que leva palavra pra casa
Tem pessoa que domina palavra
Tem palavra que domina pessoa
Tem palavra que diz palavra
Tem palavra que diz pessoa
Tem pessoa que diz pessoa
Tem pessoa que diz palavra
Tem palavra que é gesto de pessoa
Tem pessoa que não vê palavra
Tem pessoa que não ouve palavra
Tem pessoa que enfeitiça palavra
Tem palavra que é qualquer coisa
que queira a pessoa
Tem pessoa que é qualquer coisa
que queira a palavra
Tem palavra que escapole de pessoa
(parece ter vida própria essa palavra)
Tem pessoa que escapole de palavra
(parece ter vida própria essa pessoa)
Tem pessoa que fica doendo depois de palavra
Pessoa vem antes de palavra
Tem palavra que fica
depois de pessoa
Tem pessoa que fica
além de palavra

Tem pessoa
e tem palavra

4 comentários:

Anônimo disse...

Lembro-me deste, querida. Ficou lindo com o desenho...

Paz, irmã.
rosana.

Unknown disse...

que palavreado mais bonito, pessoa! "words, words, words."

e que desenho mais lindo ainda, pessoa! seu traço (visitei e admirei o quanto pude tela abaixo), seu traço lindamente solto, colorido levinho, gostoso, tão bom de ver que dá vontade de passar a mão no papel trazendo o desenho pertinho dos olhos. (aí, sujo a tela com a ponta de meu nariz gorduroso)

Unknown disse...

eu também me lembro deste poema-tratado e me lembro que ele me levou a te escrever, a me escrever, a escrever, enfim...
Beijos, beijos

Anônimo disse...

Passei de novo por aqui. Sem correria, ufa! Esta é uma condição. E tem coisas novas!
Me chamou a atenção essa "dança" entre PALAVRA e PESSOA. Ao ler este poema parece que um ritmo me era sugerido:
O início pacato aos poucos ia ganhando vitor e rítmo, como se fosse um crescendo até chegar num ápice... que se interrompia; sossegava; refletia; pegava fôlego (inspira...expira) e começava um novo movimento. O conteúdo? - É real e verdadeiro.Adorei esta mistura. Um beijo.