quarta-feira, 9 de abril de 2008


RAÍZES

Grotesca a imagem da mulher a arrancar suas raízes do chão com tanta dificuldade, a lhe custar esforço e dor. Eram como tentáculos, autônomos, ela os arrancava e eles se metiam a adentrar a terra por própria conta. Descabelada, cabelos e raízes a moverem-se, uma estranha dança de desgrudamento, de aflição.
Triste cena da mulher na luta do desgarramento, já que aquele solo não lhe permitia, aquele vento não lhe permitia.
Vai a mulher embora, arrastando suas raízes arrancadas e as raízes a puxar a mulher como se não quisessem desistir nunca.
E ela a dizer, essas não, essas não, que me bastem as outras de onde crescem as árvores reais (mesmo quando frágeis) que me fazem viver.

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