
OUTRA LINGUAGEM
Se pudéssemos acessar no fundo dos olhos o que nenhuma palavra jamais traduziu.
Uma outra linguagem, um outro raciocínio – grandes invenções ao longo de uma vida
em que mais se cumpre
do que se vive.
OUTRO LADO
Assim como daqui para as montanhas e de volta, com esta intensa freqüência.
Assim talvez como seria se eu fosse para o outro lado do mundo e de volta.
Talvez, porque não sei o outro lado.
Nas montanhas me movo com intimidade e algum sossego.
Percebo que lebres e pássaros entre outros nos reconhecem como bichos, só que bem pouco.
Sigo a debater com o tempo que não dá tréguas.
Escapo quase nada.
Devo pra mim um tanto de coisas que não se encaixam nas minhas poucas janelas.
Construo com limitações uma nova possibilidade.
Olho as flores e desejo todas pra mim.
Pois que então as tenho em fartura e esplendor.
Pra que comigo elas viagem em sonhos pra onde não sei.
Para o outro lado.