terça-feira, 16 de dezembro de 2008


ESPERA

 

A menina cavou com suas próprias unhas um buraco. Lá dentro depositou um desejo que já começava cheirar a mofo. Fez que esqueceu.

O menino tirou um brinquedo velho muito novo do armário e fez sua tarde outra.

A chuva continuou a molhar algumas claridades.

O vento disse: espera, agora ainda não.

No vaso uma flor ameaça abrir a qualquer hora.

Na certa, uma outra coisa virá nesse espaço que parece que não há.

4 comentários:

Anônimo disse...

Na certa ...
Lindo poema.

Abs,
Sérgio de Mattos

grandibarrros disse...

Maria Helena,
Boas festas para vc e os seus.Obrigado pela oportunidade de poder participar do seu blog em 2008.
Abs Eduardo

Anônimo disse...

"nesse espaço que parece que não há"... Como todos os incessantes espaços invisíveis... adorei!

Walmir disse...

Tem uma historia infantil, antigona, eu escutei de menino. Do cabra que precisava guardar um segredo. Cavou um buraco, lançou lá dentro o segredo, tapou com terra, plantou por cima um bambuzal. Diz que tempos depois, o bambu crescido, quando tocado pelo vento, revelava o segredo.