sexta-feira, 29 de agosto de 2008


FESTA

Do vôo da borboleta capturei, a derramar do limite das asas, uma chuva de cores.
Pintei meu dia e minha alegria com pincéis dançarinos.
Da confiança ensaiei os rabiscos de uma dança.
O vento me emprestou um movimento e em festa soprou com gosto
os últimos dias de agosto.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008


COMPENSAÇÕES

Desespero é coisa que atropela o tempo e as ações com sua fúria inútil. Mas nem todos são dados a ele.
Por isso ela invejou o personagem de um livro, desespero não o visitava e assim ele cumpria os dias com relativo controle.
Confortou-lhe, entretanto, o pensamento de que o tempo e certa dedicação eram ingredientes fundamentais que a fariam envelhecer pra melhor. E assim o fazia. Da aparência cuidava com minúcias e sem exageros. Mas nas profundidades a idade na certa vinha como um prêmio de muito já ter vivido. O coração lhe saía pela boca com menor freqüência e algumas conversas e situações podiam se dar sem grandes esforços de convencimentos. Dessa maneira procurava acreditar que afastava de si a possibilidade do maldito desespero.
Mesmo assim sabia, por experiência e estrada, que algumas sensações e percepções aparentadas por semelhante intensidade tornavam a vida indiscutivelmente mais interessante. É como um preço que se paga. Não fosse ela acometida eventualmente pelo inútil desespero, na certa também não experimentaria outras intensidades de melhor procedência.
E o amor.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008


PEQUENAS OBSERVAÇÕES

- Foi o meu filho que me mostrou o primeiro ipê amarelo florido desta temporada. Muito bom observar e compartilhar essas importâncias.
- Com o analista compartilhei alguns espantos e novamente a constatação de que afinal somos todos um tanto perturbados. Melhor quando a gente cuida das perturbações da gente porque assim vivemos menos apertados e perturbamos menos os outros.
- Meu outro filho menorzinho disse: “ainda bem que a professora tem bom senso e deixa a gente pedir pra mudar a musiquinha que ela canta na hora do lanche”. Feliz fico eu por ele já se interessar pelo bom senso e saber empregá-lo tão bem.
- O meu jardim está florido, melhor esquecer os enganos. Quero melhorar meus próximos (muitos) anos.

terça-feira, 5 de agosto de 2008



PRA LONGE AGORA

Numa escrita de relíquias, constrói-se um diário de poucos e preciosos dias. O vento lá fora sopra um desacreditamento pra longe agora.
Os anjos comparecem com asas de festa, cintilantes, de cores desaguadas.
Vejo como dançam alegres e loucos, enquanto os segredos dos percursos são guardados.
Vive-se muito no enquanto destes dias anunciadores de muitas primaveras
(e ainda faz inverno por aqui!).