PIANO
No piano calaram-se todas as notas por muito tempo. E o coração que achava que batia.
Os dedos tomados por outros ofícios e carícias dançavam no silêncio. Ninguém mais sabia que havia um piano que também não mais se sabia. Entretanto, nunca foi pensado vendê-lo, pois que ocupava um espaço naquela sala a hospedar as memórias dos porta-
retratos e pontuar o silêncio com sua possibilidade.
Há quem jura ter ouvido algumas notas como fantasmas perdidos, quando não havia ninguém na casa. E há quem jura ter visto a mulher que, ao fingir que também não se sabia, dançava ao som da música de seu próprio espectro que tocava.
No silêncio.
Na noite.
Por muito tempo.
No piano calaram-se todas as notas por muito tempo. E o coração que achava que batia.
Os dedos tomados por outros ofícios e carícias dançavam no silêncio. Ninguém mais sabia que havia um piano que também não mais se sabia. Entretanto, nunca foi pensado vendê-lo, pois que ocupava um espaço naquela sala a hospedar as memórias dos porta-
retratos e pontuar o silêncio com sua possibilidade.
Há quem jura ter ouvido algumas notas como fantasmas perdidos, quando não havia ninguém na casa. E há quem jura ter visto a mulher que, ao fingir que também não se sabia, dançava ao som da música de seu próprio espectro que tocava.
No silêncio.
Na noite.
Por muito tempo.