terça-feira, 25 de agosto de 2009


FIM DA ESTAÇÃO

Uma boneca de papel machê pende na porta do quarto e gira à mercê de alguma brisa. Tem posição dramática, cabelos cor de laranja e um vestido que até podia ser meu.

O menino não sabe o mundo e se arrisca.

Belos são os olhos do menino, às vezes frutas doces, às vezes chamas flamejantes, muitas vezes não sei.

Confio no passar das estações, confio nas boas raízes.

Hoje, ainda do frio, contemplo uma árvore que promete folhas novas para a primavera.

terça-feira, 18 de agosto de 2009


INCOMPARÁVEIS


Rosas de muitas cores.

Picolé de groselha, daquele que vai ficando esbranquiçado no final.

Comida quente e molhada na noite fria.

Manta macia nas pernas pra ver filme em casa.

Beijo na boca e conseqüências.

Meninos fazendo bagunça na cama da gente pela manhã.

Sair da cidade.

Não sair de casa.

Não ter que.


Sonhar e viver um sonho bom.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009


OUTRA VISTA

para Rosana e Silvana

Havia a mulher que queria domar peixes.

Como se tentasse evitar a queda da água pelas pedras no curso do rio.

Custou-lhe acreditar que não podia.

Hoje olha com mais calma as montanhas.

Acredita que pode construir, com capricho e aos poucos, uma rotina com mais janelas.

Pelo menos por enquanto.

Cabe tão mais que nem imaginava.

Um pássaro a reconhece.

As flores nas árvores das ruas lhe fazem festa.

A estrada é daqui pra muito, que de tanto, pra sempre.