segunda-feira, 29 de setembro de 2008


PRIMAVERA

 

Tomada a vida com mais apreço e doçura, dá-lhe exuberância, pois que assim é que é pra ser a primavera - na fartura, na sobra e não na falta.

Em tempos de surpreendências atmosféricas e rebeliões da Dona Natureza, ainda mais nesses hemisférios de cá, estação é luxo de quem sabe delas. No mais é chuva, frio ou calor.

De chuva, tem tempestade de todo tipo, ainda há pouco me pegou umazinha brava, mas de fácil solução. As das águas, não fossem as destruições e as precariedades dos abrigos, seriam puro espetáculo de beleza pra se admirar.

De frio, aprumo o esqueleto, providencio mais agasalho e faço bom uso da indiferença se o frio for metáfora. Se for de fato, aproveito pra aninhar mais gostoso.

De calor a gente se ajeita, ventila, refresca e aproveita, que é mais dele mesmo que o amor se alimenta.

O que aborrece é besteira, desperdício, ignorância, omissão e secura.

Que pra vida ficar ruim basta deixar que seja.

terça-feira, 16 de setembro de 2008


DELEITE

 

Na correria do vai e vem dos compromissos sem fim, melhor é desfrutar nos percursos, e sem economia, da exuberância e fartura dos ipês cor-de-rosa (cor que da rosa ainda rouba o nome nessa vez de ipês).

A cidade de escassa beleza surpreende enfeitada, encantada, premiada. De brinde, umas outras árvores de nome que não sei, em menor volume, exibem flores miúdas de um roxo azulado, em que tudo parece composto num arranjo premeditado.

Pra não bastar, a noite traz uma bruma que cobre de transparências a lua muito cheia, fazendo parecer que alguém pintou o céu e deixou borrar um pouco, por puro deleite.

Sorte a minha que tenho andado com os olhos abertos.

E o coração.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008


CONVERSA DE AMIGA
                                                                 pra Pricila
A princípio, tudo bem.
Assim sem muito conflito e nem muito entusiasmo em algumas funções a cumprir.
E aí a amiga me disse estar cansada de ser corajosa. Concordei com ênfase – pro diabo com isso! A gente passa a cumprir esse papel e tem que bancar o tipo.
Ela percebeu que eu ando desesperada praticamente bem menos. Um pouco vai que é da natureza da pessoa, mas bem melhor agora, acho que por circunstância e análise – exercício de vigília pra não cair em buraco muito fundo.
Tem também remédio que dá pra usar sem maiores problemas.
As flores dos ipês amarelos caem mesmo e depois vêm as outras de outras cores, de outros ipês e os amarelos voltam mais na frente. O verde seca e depois fica verde outra vez e a gente, mais ou menos igual.
Tem hora, que quando assim desencontrada, vai procurar alguma coisa que nem sempre é pessoa.
Prudente e adequado é medir as importâncias. Eu, no caso, arredei umas coisas pro amor caber grande e generoso. Da minha parte, no agora, tá feito.